domingo, 26 de maio de 2013

A Espiritualidade no mundo corporativo I

Metas, planejamentos, projetos, pressão, resultados, balanços, estratégia, concorrência, competência, faturamento... e tantas outras palavras que poderiam ser postas aqui descrevem com alguma precisão o chamado mundo corportativo.

Um universo formado de números e métricas.

Um campo no qual tudo deve ser objetivo, pois afinal somente é gerenciável o que é mensurável, diz a máxima da gestão.

Ficam então as perguntas:
  1. Num contexto assim, há espaço para espiritualidade?
  2. Neste império da objetividade tem lugar a subjetividade?
  3. Ao intangível reserva-se algum futuro neste reino do tangível?


Não hesito, nem por um segundo, em responder com um retumbante SIM a estas três questões.

As minhas afirmativas contrariam frontalmente uma tendência de encarar o mundo dos negócios, a arena corporativa, como uma área da nossa vida na espiritualidade e outras “coisas” da nossa humanidade não cabem.

Para isso, existe o ambiente familiar, dos amigos, da religião, das ONGs, espaços nos quais podemos nos dar ao luxo de sonhar com estes aspectos mais subjetivos.

O mundo corporativo não. Ali é guerra, e na guerra vale tudo.

Eu não poderia discordar mais desta maneira de pensar.

Não há área da nossa existência na qual a espiritualidade não esteja presente.

Quando todos os dias vamos para o trabalho, não a deixamos na porta da empresa.

Achar que é possível viver no mundo corporativo sem espiritualidade é um equívoco decorrente da nossa falta de conhecimento do que ela significa.

Espiritualidade é a capacidade inerente que todo ser humano tem de transcender-se.

Estamos habilitados a ir além do nosso próprio umbigo, de nos guiar por propósitos mais elevados, de buscar um sentido maior.

Esta sede por uma realidade mais transcendente, ainda que não a chamemos Deus, é traço constitutivo de cada um de nós.

Se fôssemos seres somente objetivos, nossa existência seria de um tédio inominável, pois se reduziria a acordar, comer, trabalhar, ganhar dinheiro e começar tudo de novo, num ciclo estéril e vazio.

E precisamente este desejo de transcender a tudo isto e encontrar sentido para existir, uma das marcas da espiritualidade presente em nós.

Mais ainda: não somos máquinas.

Por mais que nossas corporações nos vejam como funcionários (peças com uma função numa grande engrenagem), tal visão não determina nossa identidade.

Somos pessoas também subjetivas, psicológicas, psico primeiro e depois lógicas, casamos, divorciamos, temos alegrias, tristezas, depressões, autoestima, competências e, como disse o poeta popular, “a gente não quer só comida, diversão e arte”.

Espiritualidade é aquilo que nos faz humanos.

Somos gente por sermos seres essencialmente espirituais.

Entenda-se porém que espiritualidade não é um patrimônio das religiões.

Se fosse, somente poderia ser espiritual quem adotasse um determinado caminho religioso.

A espiritualidade é mais do que religião.

Esta é uma instituição humana, formada por ritos e regras, com denominação própria, tendo fronteiras definidas estabelecendo quem são os de dentro e os de fora.

Pertence-se a uma tradição religiosa por opção de assumir dogmas, doutrinas e regras de comportamento.

A espiritualidade por sua vez transcende ritos, regras, dogmas, fronteiras, denominações, portanto, não é uma escolha que fazemos, é algo que somos.

Existir em si mesmo já é espiritual.

Entendida espiritualidade desta maneira, fica óbvio perceber como uma empresa, um negócio de qualquer natureza está marcado por espiritualidade.

Clientes, fornecedores, concorrentes, colegas de trabalho, chefes, líderes... todos são pessoas e, como tais, seres espirituais.

Pois como muito bem disse Teilhard de Chardin, um dos mais brilhantes pensadores que conheço, “Não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, somos seres espirituais vivendo uma experiência humana”.

Integrar nossa espiritualidade àquilo que fazemos, tê-la como uma aliada para nos ajudar a ganhar a vida sem perder a alma, é o tipo de competência que pode fazer de cada um de nós, sejamos empreendedores de novos negócios ou colaboradores de empresas já estabelecidas, profissionais dos mais cobiçados por um mundo cada vez mais consciente de que o intangível (espiritualidade) afeta qualitativamente o processo e o produto de tudo quanto realizamos.

Mas como, na prática viver esta integração entre espiritualidade e mundo corporativo?

Isto é precisamente o tema de uma próxima postagem.

Dr. Eduardo Rosa Pedreira

Prof. de Sustentabilidade Corporativa da Fundação Getúlio Vargas.

Tadeu Artur Cavedem
FuturaMente – Treinamento, Assessoria e Consultoria Ltda.
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