Metas, planejamentos,
projetos, pressão, resultados, balanços, estratégia, concorrência, competência,
faturamento... e tantas outras palavras que poderiam ser postas aqui descrevem
com alguma precisão o chamado mundo corportativo.
Um universo formado de
números e métricas.
Um campo no qual tudo deve
ser objetivo, pois afinal somente é gerenciável o que é mensurável, diz a
máxima da gestão.
Ficam então as perguntas:
- Num contexto assim, há espaço para espiritualidade?
- Neste império da objetividade tem lugar a subjetividade?
- Ao intangível reserva-se algum futuro neste reino do tangível?
Não hesito, nem por um
segundo, em responder com um retumbante SIM a estas três questões.
As minhas afirmativas
contrariam frontalmente uma tendência de encarar o mundo dos negócios, a arena
corporativa, como uma área da nossa vida na espiritualidade e outras “coisas”
da nossa humanidade não cabem.
Para isso, existe o ambiente
familiar, dos amigos, da religião, das ONGs, espaços nos quais podemos nos dar
ao luxo de sonhar com estes aspectos mais subjetivos.
O mundo corporativo não. Ali
é guerra, e na guerra vale tudo.
Eu não poderia discordar
mais desta maneira de pensar.
Não há área da nossa
existência na qual a espiritualidade não esteja presente.
Quando todos os dias vamos
para o trabalho, não a deixamos na porta da empresa.
Achar que é possível viver
no mundo corporativo sem espiritualidade é um equívoco decorrente da nossa
falta de conhecimento do que ela significa.
Espiritualidade é a
capacidade inerente que todo ser humano tem de transcender-se.
Estamos habilitados a ir
além do nosso próprio umbigo, de nos guiar por propósitos mais elevados, de
buscar um sentido maior.
Esta sede por uma realidade
mais transcendente, ainda que não a chamemos Deus, é traço constitutivo de cada
um de nós.
Se fôssemos seres somente
objetivos, nossa existência seria de um tédio inominável, pois se reduziria a
acordar, comer, trabalhar, ganhar dinheiro e começar tudo de novo, num ciclo
estéril e vazio.
E precisamente este desejo
de transcender a tudo isto e encontrar sentido para existir, uma das marcas da
espiritualidade presente em nós.
Mais ainda: não somos
máquinas.
Por mais que nossas
corporações nos vejam como funcionários (peças com uma função numa grande
engrenagem), tal visão não determina nossa identidade.
Somos pessoas também
subjetivas, psicológicas, psico primeiro e depois lógicas, casamos,
divorciamos, temos alegrias, tristezas, depressões, autoestima, competências e,
como disse o poeta popular, “a gente não quer só comida, diversão e arte”.
Espiritualidade é aquilo que
nos faz humanos.
Somos gente por sermos seres
essencialmente espirituais.
Entenda-se porém que
espiritualidade não é um patrimônio das religiões.
Se fosse, somente poderia
ser espiritual quem adotasse um determinado caminho religioso.
A espiritualidade é mais do
que religião.
Esta é uma instituição
humana, formada por ritos e regras, com denominação própria, tendo fronteiras
definidas estabelecendo quem são os de dentro e os de fora.
Pertence-se a uma tradição
religiosa por opção de assumir dogmas, doutrinas e regras de comportamento.
A espiritualidade por sua
vez transcende ritos, regras, dogmas, fronteiras, denominações, portanto, não é
uma escolha que fazemos, é algo que somos.
Existir em si mesmo já é
espiritual.
Entendida espiritualidade
desta maneira, fica óbvio perceber como uma empresa, um negócio de qualquer
natureza está marcado por espiritualidade.
Clientes, fornecedores,
concorrentes, colegas de trabalho, chefes, líderes... todos são pessoas e, como
tais, seres espirituais.
Pois como muito bem disse
Teilhard de Chardin, um dos mais brilhantes pensadores que conheço, “Não somos
seres humanos vivendo uma experiência espiritual, somos seres espirituais
vivendo uma experiência humana”.
Integrar nossa
espiritualidade àquilo que fazemos, tê-la como uma aliada para nos ajudar a
ganhar a vida sem perder a alma, é o tipo de competência que pode fazer de cada
um de nós, sejamos empreendedores de novos negócios ou colaboradores de
empresas já estabelecidas, profissionais dos mais cobiçados por um mundo cada
vez mais consciente de que o intangível (espiritualidade) afeta
qualitativamente o processo e o produto de tudo quanto realizamos.
Mas como, na prática viver
esta integração entre espiritualidade e mundo corporativo?
Isto é precisamente o tema
de uma próxima postagem.
Dr. Eduardo
Rosa Pedreira
Prof. de Sustentabilidade
Corporativa da Fundação Getúlio Vargas.
FuturaMente – Treinamento, Assessoria e Consultoria Ltda.
www.futuramente.com.br
contato@futuramente.com.br
Telefones: 11 4023-2038
Celular: 11 9 9989-4865
Nenhum comentário:
Postar um comentário