sexta-feira, 12 de julho de 2013

Quem tem medo da plateia?

Difícil escapar: mais cedo ou mais tarde, a maioria dos integrantes do mundo corporativo terá de falar em público.


Ao fazer uma apresentação em público você sua frio, as mãos ficam geladas, pernas bambas, batimentos cardíacos acelerados e tem a nítida impressão de que todo mundo percebe o pavor que está sentindo?

Calma!  Você faz parte de um grande número de pessoas que tem verdadeiro pavor de se expressar à frente de uma plateia.

O medo de falar em público suplanta até mesmo o medo de doenças e da morte. Foi o que revelou uma enquete, no final de 2009, do programa Globo Repórter.

Ao final da exibição de reportagens sobre o medo, foi lançada para os telespectadores a questão:

 “Do que você tem mais medo?”

Os resultados: 15,30% dos telespectadores responderam de falar em público; 13,27% de doenças; 12,27% da morte.

Para Ricardo Ventura – Palestrante e instrutor de treinamento na área de vendas, atendimento, comunicação, negociação, administração do tempo, criatividade e inovação – a  maioria das pessoas tem receio de falar em público.

“Em geral pela falta de oportunidade ou por alguma crença estabelecida no passado. Neste último caso, uma pessoas que foi ridicularizada quando criança pode, quando adulta, mesmo não se lembrando mais do fato, guarda as emoções daquele momento.

Então, sempre que precisa falar em público, inconscientemente vem a sensação de medo do ridículo.

Ronaldo Antonio Cavalli – especializado em linguagem corporal, oratória, persuasão e técnicas de vendas – está de pleno acordo com esta teoria. Ele acha que experiências mal sucedidas na infância, ou mesmo na idade adulta, realmente podem dificultar o processo de comunicação.

“Na infância, quando a professora questiona a criança e ela não consegue responder por timidez ou por desconhecer o assunto, fica exposta perante seus colegas e pode virar motivo de chacota. Em outras circunstâncias, um adulto, ao sentir dificuldade em fazer uma apresentação inesperada no trabalho ou ser incapaz de responde questões feitas em uma entrevista surpresa, guarda essas experiências negativas que, no futuro podem lhe marcar profundamente”, observa Cavalli.

E explica que esses acontecimentos negativos são registrados no inconsciente e podem aflorar, por exemplo quando o indivíduo é convidado a se apresentar em público, levando-o a fugir da situação com medo de passar por nova provação.

“Por que cinquentões tinham medo de ir ao dentista?  Com certeza, a primeira experiência com este profissional foi muito desagradável e isso ficou marcado por um bom tempo”.

O Administrador Claudio Antônio Delgado de Borba Carvalho, gerente nacional de vendas da Ford Brasil S/A., diz que o medo e a timidez são entraves para se falar em público.

“São também obstáculos o nervosismo, a ansiedade, a insegurança e qualquer outro sentimento que possa incomodar ou deixar uma pessoa desconfortável na hora de falar”, explica.

Para ele, esses sentimentos são normais, ocorrem como consequência dos riscos percebidos na hora de falar, e acrescenta: “São riscos reais, palpáveis e também criados no nosso imaginário. Irão, portanto, acompanhar qualquer pessoa que tenha algum sendo de responsabilidade. Mas onde está escrito que para falar bem em público é preciso se sentir bem?  É errado, entretanto, valorizar em demasia esses sentimentos, travar ou se prejudicar por não saber lidar com eles”.

Na opinião de carvalho, não se perde o medo de falar nestas ocasiões. Apenas aprende-se a controla-lo, aprende-se o que se deve fazer para, mesmo nervoso, não deixar ninguém perceber o desconforto.

Conquista-se assim a autoestima e a autoconfiança. “É isso que as técnicas de oratória, ensinadas em instituições sérias, fazem para qualquer pessoa. Você não imagina as dificuldades sentidas por muitos que são muito bons falando em público. A diferença é que eles sabem o que fazer. Falar com desembaraço e sem inibições depende unicamente do seu esforço, sua vontade, sua determinação”, arremata.

Enfrentando a plateia

Não há como escapar. Cedo ou tarde, toda pessoa terá de enfrentar uma plateia, seja em uma reunião de trabalho, convenção, seminário, apresentação de um produto ou mesmo em uma simples festa de aniversário.

Ricardo Ventura, por exemplo, lembra que no mundo corporativo a comunicação é uma ferramenta indispensável, seja para vender produtos, ideias, serviços e até a autoimagem.

“O principal instrumento de um líder é a comunicação. Se ele se expressa de forma clara, precisa e objetiva, consegue dar feedback e gerar empatia e comprometimento com seus objetivos e metas”, destaca Ricardo.

Já Ronaldo Cavalli ressalta que comunicar-se de forma adequada é um dos principais fatores para o sucesso de executivos, profissionais liberais, políticos, professores, enfim de todos que de uma forma ou de outra precisam se expressar em público.

“Não adianta ter conteúdo e não saber como mostra-lo. Assim, dominar o medo, falar sem ser escravo do papel, ter saídas para improvisos, não é uma tarefa impossível”, afirma e enfatiza: “Falar em público, se aprende”.

Na opinião da maioria dos profissionais habituados a treinar pessoas em cursos de oratória, expressar-se bem diante de uma plateia é realmente factível de ser aprendido.

É claro que algumas pessoas têm mais facilidade para falar em público, mas isto não tem nada a ver com um “dom”. Tem a ver com experiências mesmo.

Então, qualquer pessoa pode, sim aprender a falar muito bem em público.

Carvalho observa que a arte de aprender a falar em público já era difundida há quatro séculos antes de Cristo, quando os denominados “sofistas” ganhavam a vida ensinando aos que podiam pagá-los, a arte de falar em público e convencer os ouvintes.

Um texto em latim ilustra esta questão – Poeta nascitur – Orator fit (O Poeta nasce feito, o orador se faz. Quintiliano 35-100 d.C.).

Um dos primeiros trabalhos de oratória escrito – “Das Instituições Oratórias”, em doze volumes – já traduz esta certeza.

É claro que cada um de nós está em um estágio de desenvolvimento distinto, mas todos podem vencer nessa arte.

Jogar bola é uma arte, mas ser craque no futebol é dom.

Não se pode ensinar uma pessoa a fazer a jogada certa no momento correto e do jeito correto.

Na oratória não é assim – podemos transformar todos os que desejam ser oradores muito eficientes.

Encarando o medo de frente

Existem formas de enfrentar o medo de falar em público e os cursos de oratória são indicados como uma maneira eficaz de encarar esse desafio.

Nestes cursos, é possível dar aos alunos um padrão de dicção, velocidade e impostação na voz, ou seja, prontos a enfrentar um auditório lotado.

“A experiência de falar em público deveria ser tema de todas as áreas da Educação. Sou licenciado em Filosofia e, por incrível que pareça, não recebi nenhuma instrução sobre como ministrar aulas, e isso, em última análise, é falar em público”, considera Cavalli.

E argumenta que os cursos de oratória, principalmente os de maior carga horária, ajudam as pessoas a encararem seus medos diante do público.

Fatores negativos, como má dicção, falar depressa ou devagar demais, problemas culturais, orgânicos ou funcionais podem ser contornados e existem técnicas para neutralizá-los.

Carvalho explica que problemas na voz podem ser bem resolvidos com treinamento de modulação – alternando volume, velocidade, musicalidade e pausa – para passar energia, vibração e empolgar a plateia.

Entretanto, problema de má dicção é mais complicado de resolver, pois precisa ser investigada a sua causa.

Em resumo: problemas culturais podem ser resolvidos com estudo e leitura.

Problemas orgânicos, funcionais, má formação, resolvidos por otorrinos e fonoaudiólogos.

Problemas de vício de linguagem?  Resolvidos com treinamentos.”, sintetiza.

Algumas dicas para falar bem em público

Antes da fala:
·         Conheça previamente onde será a apresentação;
·         Procure definir o perfil do público;
·         Verifique quanto tempo terá sua apresentação;
·         Vista-se de acordo com o evento e a plateia;
·         Chegue cedo;
·         Prepare-se para a apresentação;
·         Treine o necessário para estar seguro de que poderá se desempenhar muito bem.

Durante a fala:
·         Cuide da postura, dos gestos, da visualização, da modulação vocal, do semblante e do uso correto dos equipamentos;
·         Inicie a fala da forma correta e coordene bem suas ideias;
·         Mostre-se entusiasmado, elegante e discreto.

Depois da fala:
·         Aguarde as questões apresentadas pelo público e responda com objetividade e clareza.

Finalmente, comemore seu sucesso!


Extraído da Revista Brasileira de Administração


Tadeu Artur Cavedem
Consultor Comportamental
www.futuramente.com.br
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Telefone: 11 4023-2038
Celular: 11 9 9989-4865

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