Difícil escapar: mais cedo ou mais tarde, a maioria dos
integrantes do mundo corporativo terá de falar em público.
Ao fazer uma apresentação em público você sua frio, as mãos
ficam geladas, pernas bambas, batimentos cardíacos acelerados e tem a nítida
impressão de que todo mundo percebe o pavor que está sentindo?
Calma! Você faz parte
de um grande número de pessoas que tem verdadeiro pavor de se expressar à
frente de uma plateia.
O medo de falar em público suplanta até mesmo o medo de
doenças e da morte. Foi o que revelou uma enquete, no final de 2009, do
programa Globo Repórter.
Ao final da exibição de reportagens sobre o medo, foi
lançada para os telespectadores a questão:
“Do que você tem mais
medo?”
Os resultados: 15,30% dos telespectadores responderam de
falar em público; 13,27% de doenças; 12,27% da morte.
Para Ricardo Ventura – Palestrante e instrutor de
treinamento na área de vendas, atendimento, comunicação, negociação,
administração do tempo, criatividade e inovação – a maioria das pessoas tem receio de falar em
público.
“Em geral pela falta de oportunidade ou por alguma crença
estabelecida no passado. Neste último caso, uma pessoas que foi ridicularizada
quando criança pode, quando adulta, mesmo não se lembrando mais do fato, guarda
as emoções daquele momento.
Então, sempre que precisa falar em público,
inconscientemente vem a sensação de medo do ridículo.
Ronaldo Antonio Cavalli – especializado em linguagem
corporal, oratória, persuasão e técnicas de vendas – está de pleno acordo com
esta teoria. Ele acha que experiências mal sucedidas na infância, ou mesmo na
idade adulta, realmente podem dificultar o processo de comunicação.
“Na infância, quando a professora questiona a criança e ela
não consegue responder por timidez ou por desconhecer o assunto, fica exposta
perante seus colegas e pode virar motivo de chacota. Em outras circunstâncias,
um adulto, ao sentir dificuldade em fazer uma apresentação inesperada no
trabalho ou ser incapaz de responde questões feitas em uma entrevista surpresa,
guarda essas experiências negativas que, no futuro podem lhe marcar
profundamente”, observa Cavalli.
E explica que esses acontecimentos negativos são registrados
no inconsciente e podem aflorar, por exemplo quando o indivíduo é convidado a
se apresentar em público, levando-o a fugir da situação com medo de passar por
nova provação.
“Por que cinquentões tinham medo de ir ao dentista? Com certeza, a primeira experiência com este
profissional foi muito desagradável e isso ficou marcado por um bom tempo”.
O Administrador Claudio Antônio Delgado de Borba Carvalho,
gerente nacional de vendas da Ford Brasil S/A., diz que o medo e a timidez são
entraves para se falar em público.
“São também obstáculos o nervosismo, a ansiedade, a
insegurança e qualquer outro sentimento que possa incomodar ou deixar uma
pessoa desconfortável na hora de falar”, explica.
Para ele, esses sentimentos são normais, ocorrem como
consequência dos riscos percebidos na hora de falar, e acrescenta: “São riscos
reais, palpáveis e também criados no nosso imaginário. Irão, portanto,
acompanhar qualquer pessoa que tenha algum sendo de responsabilidade. Mas onde
está escrito que para falar bem em público é preciso se sentir bem? É errado, entretanto, valorizar em demasia
esses sentimentos, travar ou se prejudicar por não saber lidar com eles”.
Na opinião de carvalho, não se perde o medo de falar nestas
ocasiões. Apenas aprende-se a controla-lo, aprende-se o que se deve fazer para,
mesmo nervoso, não deixar ninguém perceber o desconforto.
Conquista-se assim a autoestima e a autoconfiança. “É isso
que as técnicas de oratória, ensinadas em instituições sérias, fazem para
qualquer pessoa. Você não imagina as dificuldades sentidas por muitos que são
muito bons falando em público. A diferença é que eles sabem o que fazer. Falar
com desembaraço e sem inibições depende unicamente do seu esforço, sua vontade,
sua determinação”, arremata.
Enfrentando a plateia
Não há como escapar. Cedo ou tarde, toda pessoa terá de
enfrentar uma plateia, seja em uma reunião de trabalho, convenção, seminário,
apresentação de um produto ou mesmo em uma simples festa de aniversário.
Ricardo Ventura, por exemplo, lembra que no mundo
corporativo a comunicação é uma ferramenta indispensável, seja para vender
produtos, ideias, serviços e até a autoimagem.
“O principal instrumento de um líder é a comunicação. Se ele
se expressa de forma clara, precisa e objetiva, consegue dar feedback e gerar empatia e
comprometimento com seus objetivos e metas”, destaca Ricardo.
Já Ronaldo Cavalli ressalta que comunicar-se de forma
adequada é um dos principais fatores para o sucesso de executivos,
profissionais liberais, políticos, professores, enfim de todos que de uma forma
ou de outra precisam se expressar em público.
“Não adianta ter conteúdo e não saber como mostra-lo. Assim,
dominar o medo, falar sem ser escravo do papel, ter saídas para improvisos, não
é uma tarefa impossível”, afirma e enfatiza: “Falar em público, se aprende”.
Na opinião da maioria dos profissionais habituados a treinar
pessoas em cursos de oratória, expressar-se bem diante de uma plateia é
realmente factível de ser aprendido.
É claro que algumas pessoas têm mais facilidade para falar
em público, mas isto não tem nada a ver com um “dom”. Tem a ver com
experiências mesmo.
Então, qualquer pessoa pode, sim aprender a falar muito bem
em público.
Carvalho observa que a arte de aprender a falar em público
já era difundida há quatro séculos antes de Cristo, quando os denominados
“sofistas” ganhavam a vida ensinando aos que podiam pagá-los, a arte de falar
em público e convencer os ouvintes.
Um texto em latim ilustra esta questão – Poeta nascitur – Orator fit (O Poeta
nasce feito, o orador se faz. Quintiliano 35-100 d.C.).
Um dos primeiros trabalhos de oratória escrito – “Das
Instituições Oratórias”, em doze volumes – já traduz esta certeza.
É claro que cada um de nós está em um estágio de
desenvolvimento distinto, mas todos podem vencer nessa arte.
Jogar bola é uma arte, mas ser craque no futebol é dom.
Não se pode ensinar uma pessoa a fazer a jogada certa no
momento correto e do jeito correto.
Na oratória não é assim – podemos transformar todos os que
desejam ser oradores muito eficientes.
Encarando o medo de
frente
Existem formas de enfrentar o medo de falar em público e os
cursos de oratória são indicados como uma maneira eficaz de encarar esse
desafio.
Nestes cursos, é possível dar aos alunos um padrão de
dicção, velocidade e impostação na voz, ou seja, prontos a enfrentar um auditório
lotado.
“A experiência de falar em público deveria ser tema de todas
as áreas da Educação. Sou licenciado em Filosofia e, por incrível que pareça,
não recebi nenhuma instrução sobre como ministrar aulas, e isso, em última
análise, é falar em público”, considera Cavalli.
E argumenta que os cursos de oratória, principalmente os de
maior carga horária, ajudam as pessoas a encararem seus medos diante do
público.
Fatores negativos, como má dicção, falar depressa ou devagar
demais, problemas culturais, orgânicos ou funcionais podem ser contornados e
existem técnicas para neutralizá-los.
Carvalho explica que problemas na voz podem ser bem
resolvidos com treinamento de modulação – alternando volume, velocidade,
musicalidade e pausa – para passar energia, vibração e empolgar a plateia.
Entretanto, problema de má dicção é mais complicado de
resolver, pois precisa ser investigada a sua causa.
Em resumo: problemas culturais podem ser resolvidos com
estudo e leitura.
Problemas orgânicos, funcionais, má formação, resolvidos por
otorrinos e fonoaudiólogos.
Problemas de vício de linguagem? Resolvidos com treinamentos.”, sintetiza.
Algumas dicas para falar bem em público
Antes da fala:
·
Conheça previamente onde será a apresentação;
·
Procure definir o perfil do público;
·
Verifique quanto tempo terá sua apresentação;
·
Vista-se de acordo com o evento e a plateia;
·
Chegue cedo;
·
Prepare-se para a apresentação;
·
Treine o necessário para estar seguro de que
poderá se desempenhar muito bem.
Durante a fala:
·
Cuide da postura, dos gestos, da visualização,
da modulação vocal, do semblante e do uso correto dos equipamentos;
·
Inicie a fala da forma correta e coordene bem
suas ideias;
·
Mostre-se entusiasmado, elegante e discreto.
Depois da fala:
·
Aguarde as questões apresentadas pelo público e
responda com objetividade e clareza.
Finalmente, comemore seu sucesso!
Extraído da
Revista Brasileira de Administração
Tadeu Artur Cavedem
Consultor Comportamental
www.futuramente.com.br
contato@futuramente.com.br
Telefone: 11 4023-2038
Celular: 11 9 9989-4865
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